فإن لم تفعلوا ولن تفعلوا فاتقوا النار التي وقودها الناس الحجارة أعدت للكافرين ـ ٢٤. وبشر الذين آمنوا وعملوا الصالحات أن لهم جنات تجري من تحتها الانهار كلما رزقوا منها من ثمرة رزقا قالوا هذا الذي رزقنا من قبل وأتوا به متشابها ولهم فيها ازواج مطهرة وهم فيها خالدون ـ ٢٥
Porém, se não o fizerdes – e certamente não podereis fazê-lo –, temei, então, o fogo infernal cujo combustível serão os homens e as pedras; fogo que está preparado para os incrédulos. 25. Anuncia (ó Mohammad) aos crentes que praticam o bem, que obterão jardins abaixo dos quais correm os rios. Toda vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes! Porém, só o serão (os frutos) na aparência. Ali terão pares imaculados e ali morarão eternamente.
Interpretação
A declaração divina — "Temei o fogo cujo combustível são os seres humanos e as pedras" — aparece no contexto das primeiras passagens da sura, cujo objetivo foi apresentar a condição dos piedosos, dos incrédulos e dos hipócritas (as três categorias abordadas). Contudo, ao se dirigir a todos coletivamente, com o chamado: "Ó humanidade, adorai o vosso Senhor", o texto divide entre crentes e descrentes, pois diante de tal chamado só há duas posturas possíveis: a aceitação ou a rejeição. O hipócrita, por sua vez, configura-se apenas quando há contradição entre o que se expressa externamente e o que se crê internamente — ou seja, quando a língua e o coração se opõem [Então, de verdade é contado entre os descrentes]. Assim, nesse contexto, menciona-se apenas os crentes e os descrentes, utilizando a fé no lugar da piedade.
O termo "combustível" refere-se àquilo que alimenta o fogo. A passagem indica explicitamente que esse combustível são os próprios seres humanos, de modo que o ser humano aparece como tanto aquele que arde quanto aquele que serve de alimento ao fogo. Isso é reiterado em outras passagens, como: "Depois serão atirados ao fogo, como combustível" (Gháfer, 40:72), e: "É o fogo aceso por Deus, que arde até os corações" (Al-Humazah, 104:6-7). Assim, entende-se que o ser humano é castigado por um fogo cuja origem está nele mesmo.
Essa ideia é paralela àquela expressa na passagem: "Sempre que lhes for concedido um fruto como sustento, dirão: 'Isto é o que já nos foi concedido antes'" (Al-Baqarah, 2:25). A expressão indica que o ser humano, no além, não encontrará senão aquilo que ele próprio preparou nesta vida. Isso também é confirmado no dito profético: "Como viverdes, morrereis; e como morrereis, sereis ressuscitados."
Ainda que haja diferença entre os dois grupos: os habitantes do paraíso, por exemplo, terão ainda acréscimos provenientes da graça divina, como afirma: "Terão o que quiserem, e temos mais ainda a lhes conceder" (Qaf, 50:35).
Quanto às “pedras” mencionadas na passagem "cujo combustível são os homens e as pedras", trata-se, muito provavelmente, dos ídolos que os incrédulos adoravam. Isso é confirmado por outro versículo: "Com efeito, vós e tudo aquilo que adorais, além de Deus, sereis combustível para o inferno" (Al-Anbiya’, 21:98), sendo que o termo ḥaṣab empregado neste versículo significa justamente “combustível”.
Por fim, a expressão "terão, para si, esposas purificadas" (Al-Baqarah, 2:25) — o termo “esposas” (azwāj) sugere que a purificação referida abrange tanto os aspectos físicos quanto morais, livrando os pares celestiais de qualquer impureza ou defeito que possa impedir a plena harmonia, afeição e convivência. Trata-se, portanto, de uma purificação integral — corporal e espiritual.
Um Estudo Narrativo (Hadīth)
Al-Ṣadūq narra que o Imam al-Ṣādiq (A.S.) foi perguntado a respeito do versículo sobre as "esposas purificadas", ao que respondeu: " São aquelas isentas de menstruação e de excreção"
Comento: Em algumas outras tradições, a noção de purificação é apresentada de forma mais ampla, incluindo a isenção de todos os tipos de imperfeições e repulsas físicas ou morais.