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Exegese Al-Mizan – Um Estudo Narrativo e outro Filosófico sob V. 1-2 do Cap. Al-Fátiha

Um Estudo Narrativo

Sob V. 1-2 do Cap. Al-Fátiha

No livro Al-‘Uyūn wa-l-Ma‘ānī, é relatado do Imam al-Riḍā (A.S.), sobre o significado da expressão “Bismillāh” (Em nome de Deus).

Ele respondeu: “Significa: eu marco a mim mesmo com um sinal, dentre os sinais de Deus, e esse sinal é a adoração.”
[A explicação basea-se na raiz árabe da palavra que significa ‘sinal’ ou ‘marca’].

Digo: Esse significado parece derivar da interpretação anterior, segundo a qual a letra bā’ em “Bismillāh” indica o início. Pois, se o servo inicia sua adoração em nome de Deus, isso implica que ele atribui a si mesmo um sinal dentre os sinais de Deus.

No Tahdhīb, do Imam al-Ṣādiq (A.S.), e também em Al-‘Uyūn e no Tafsīr al-‘Ayyāshī, é relatado do Imam al-Riḍā (A.S.): “[A Bismillāh] está mais próxima do Nome Supremo de Deus do que a pupila em relação ao branco dos olhos.”

Digo: O significado desta narrativa será explicado mais adiante, quando tratarmos do Nome Supremo [Al-ism al-Aʿzam].

Em Al-‘Uyūn, é narrado do Líder dos Fiéis; Imam Alī (A.S.): “[A Bismillāh] faz parte do capítulo al-Fātiḥa. O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) a recitava e a considerava como um de seus versículos, e dizia: ‘A abertura do Livro (al-Fātiḥa) é o mesmo Sete Versículos Repetidos.’” [A expressão 'de Sete Versículos' é mencionada no capítulo 15, versículo 87].

Digo: Há também narrativas semelhantes transmitidas pelas fontes da tradição sunita. Por exemplo, foi relatado por al-Dāraqutnī, de Abū Hurayra, que disse: “O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: ‘Quando recitardes a al-Ḥamd (al-Fātiḥa), recitai [também] Bismillāh al-Raḥmān al-Raḥīm, pois, esse capítulo é a Mãe do Alcorão, o 'de Sete Versículos Repetidos', e Bismillāh al-Raḥmān al-Raḥīm é um de seus versículos.’”

No livro Al-Khiṣāl, é narrado do Imam al-Ṣādiq (A.S.): “O que há com eles? [Aqueles que se opuseram à recitação de Bismillah em voz alta. Ou, não consideravam Bismillah como uma parte do Alcorão.] Que Deus os combata! Posicionaram-se contra o maior versículo do Livro de Deus e alegaram que manifestá-lo em voz alta é uma inovação (bid‘a).”

Foi narrado do Imam al-Bāqir (A.S.): “Eles roubaram o mais nobre versículo do Livro de Deus — ‘Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso’ — e é recomendável que se inicie com ele toda ação importante ou simples, a fim de que seja abençoada.”

[Referindo-se àqueles que negavam que Bismillah é uma parte do Alcorão Sagrado.]

Comentário:
Os relatos dos Imames da Casa Profética (Ahl al-Bayt), a respeito desse significado, são numerosos. Todos indicam que a 'Bismillāh al-Raḥmān al-Raḥīm' é parte integrante de todas as suras, com exceção da Sura al-Barā’ah (al-Tawbah, cap. 9).

Também existem tradições entre os sunitas que apontam nesse mesmo sentido.

Por exemplo, no Ṣaḥīḥ de Muslim, narra-se de Anas que o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) disse: "Um capítulo foi-me recentemente revelado”, e então recitou: ‘Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso’.”

E no Sunan de Abū Dāwūd, há um relato de Ibn ‘Abbās (cujo encadeamento de transmissão foi considerado autêntico), no qual se afirma:“O Mensageiro de Deus (S.A.A.S.) não reconhecia o fim de uma sura (em outra versão: a conclusão de uma sura), até que lhe fosse revelado: ‘Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso’.”

Comentário:
Esse mesmo significado também foi transmitido entre os xiitas, por meio de um relato do Imam al-Bāqir (A.S.).

Nos livros al-Kāfī, al-Tawḥīd, Maʿānī al-Akhbār e na exegese de al-ʿAyyāshī, é narrado do Imam al-Ṣādiq (A.S.) o seguinte ensinamento [interpretando ‘al-Raḥmān’ e al-Raḥīm’: “Por Deus, Ele é o Senhor de todas as coisas — ‘al-Raḥmān’ (o Clemente) com toda a Sua criação, e ‘al-Raḥīm’ (o Misericordioso) especialmente com os crentes.”

Também foi narrado do Imam al-Ṣādiq:
Al-Raḥmān é um Nome específico com uma qualidade abrangente; al-Raḥīm é um Nome geral com uma qualidade específica.”

Comentário:
A partir disso, compreende-se que al-Raḥmān abrange tanto os crentes quanto os descrentes, enquanto al-Raḥīm é exclusivo dos crentes.
Quanto à expressão de que al-Raḥmān é um “nome específico com uma qualidade geral” e al-Raḥīm um “nome geral com uma qualidade específica”, parece significar que al-Raḥmān está relacionado à misericórdia neste mundo, que abrange crentes e não crentes; enquanto al-Raḥīm se aplica tanto a este mundo quanto ao outro, mas sua misericórdia é direcionada exclusivamente aos crentes.

Em outras palavras: al-Raḥmān refere-se à misericórdia criacional (takwīnīyah), que se manifesta universalmente; já al-Raḥīm refere-se tanto à criação quanto à legislação (tashrīʿīyah), cujo domínio é o da orientação e da salvação, atributos que se manifestam de forma duradoura nas bênçãos concedidas aos crentes, sendo que a boa recompensa é deles no fim das contas.

No livro Kashf al-Ghummah, narra-se do Imam al-Ṣādiq (A.S.): “A mula do meu pai (o Imam al-Bāqir) foi perdida, e disse: ‘Se Deus a devolver para mim, louvá-Lo-ei com louvores que O satisfaçam.’
Logo, a mula foi trazida com sua sela e brida.
Ao montá-la e ajustar suas vestes, ele levantou a cabeça para o céu e disse apenas: ‘Al-ḥamdu lillāh’ (Louvado seja Deus).
Em seguida, comentou: ‘Não omiti nada, nem deixei de lado qualquer forma de louvor — todos os tipos de louvores estão compreendidos nessa expressão.’”

Comentário:
No livro ʿUyūn Akhbār al-Riḍā, é narrado do Imam ʿAlī (A.S.), ao ser perguntado sobre o significado da expressão al-ḥamdu lillāh, que ele respondeu:
“Deus deu a conhecer a Seus servos de Suas bênçãos de forma geral, pois eles não são capazes de reconhecê-las em detalhe, uma vez que são demasiadas para serem contadas ou compreendidas. Assim, Ele ordenou que dissessem: ‘Louvado seja Deus’, em agradecimento por tudo aquilo com que nos agraciou.”

Comentário:
Com isso, o Imam (A.S.) indica, tal como passou, que o louvor (ḥamd) é da parte do servo, mas foi mencionado por Deus em Seu Livro, em nome do servo, como forma de educação e ensinamento.

Um Estudo Filosófico

Os argumentos racionais sustentam que a dependência do efeito — em todos os seus aspectos e dimensões — está essencialmente ligada à sua causa. Todo e qualquer grau de perfeição que o efeito possua provém, em última instância, da existência e do reflexo da sua causa.

Portanto, se há de fato uma realidade objetiva para a beleza e a perfeição na existência, então sua completude e autonomia pertencem ao Necessariamente Existente — Exaltado seja —, pois Ele é a Causa Primeira de todas as causas.

O louvor e o elogio consistem na manifestação da existência de um ser que, por sua própria realidade, expressa a perfeição de outro — que, inevitavelmente, é sua causa.

E se toda perfeição culmina no Ser Supremo — Exaltado seja —, então a essência de todo louvor e elogio retorna e se dirige a Ele.

Assim, “Louvado seja Deus, Senhor dos mundos” (al-ḥamdu lillāhi rabb il-‘ālamīn).

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